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2020

[português] Em tempos de pandemia, movimentos populares defendem o direito à vida digna

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O rápido avanço da pandemia de covid-19 perturbou a vida diária de pessoas no mundo todo. Bilhões de pessoas se encontram em diversos níveis de "quarentena" e "isolamento social" se transformou num termo universal. As bobagens e fraquezas de líderes mundiais – desde Trump até Boris Johnson, Narendra Modi e Cyril Ramaphosa, entre outros – nunca foram tão evidentes. Claramente estamos no meio de uma crise global.

Esta crise pode não ter precedentes, mas não é novidade. Não podemos esquecer que, há apenas dois meses, o mundo encarava a possibilidade de uma guerra desastrosa após o assassinato descarado do general iraniano Qassem Soleimani pelos Estados Unidos. O golpe na Bolívia e as tentativas repetidas de golpe na Venezuela marcaram outros ataques à soberania do povo latino-americano. Mundo afora, milhares continuavam sofrendo com a extrema pobreza, violência estrutural e falta de moradia. Isso era a “vida normal” antes da crise.

O crescimento da pandemia tem exposto e ampliado muitas dessas contradições. Como sempre, os mais vulneráveis são os pobres, imigrantes, refugiados e minorias. Em tudo isso, está claro que os trabalhadores essenciais nessa época de crise não são os banqueiros ou investidores, mas sim as enfermeiras, faxineiras, atendentes de supermercados, trabalhadores de saneamento – a classe trabalhadora. As verdadeiras prioridades dos líderes do capitalismo e imperialismo estão evidentes. Direitistas como Donald Trump e Jair Bolsonaro não veem problema em colocar vidas em risco para manter os mercados financeiros funcionando.

A pandemia também demonstrou os riscos da falta de investimentos em saúde pública e infraestrutura, que se acentuaram sob o regime econômico neoliberal e foram fatores determinantes na desaceleração econômica que já havia se instalado antes da covid-19 paralisar o mundo.

Essa crise sistemática mais profunda, sobre a qual os progressistas e a esquerda alertam há anos, é o resultado direto da ordem global imperialista e neoliberal, que coloca os lucros e o acúmulo desenfreado de riqueza acima da proteção das pessoas e da garantia de seus direitos.

Neste contexto, forças progressistas de todo o mundo se uniram para convocar uma Jornada Internacional de Luta Anti-imperialista, que acontecerá na segunda metade de 2020, para denunciar as ações das forças imperialistas e seu impacto sobre os povos e o próprio planeta. As organizações afirmam que “o imperialismo está colocando em risco o futuro da vida no planeta, com suas políticas militaristas de intervenção e agressão, e de degradação ambiental catastrófica”.

COVID-19

No contexto da pandemia do coronavírus, essas entidades convocam uma luta contra as tentativas do setor capitalista de que a classe trabalhadora banque os custos desta catástrofe, como aconteceu após a crise financeira de 2008.

Essas organizações reivindicam algumas coisas perante a calamidade, incluindo: acionar todos recursos públicos e privados para lidar com a pandemia priorizando as necessidades dos mais vulneráveis. Elas também exigem a suspensão imediata dos gastos militares, com a utilização dos recursos obtidos para “a criação de um sistema de segurança humanitário, que invista todos os recursos do planeta numa vida digna para as pessoas”. O fortalecimento de programas sociais e o fim das sanções unilaterais criminosas impostas pelos EUA são outras reivindicações fundamentais. As organizações pedem solidariedade com todos os trabalhadores da saúde e com os povos como um todo durante esse período de crise humanitária internacional.

Essas demandas demonstram a natureza interligada da batalha contra o coronavírus e o imperialismo. As sanções norte-americanas sobre mais de 50 países e sua política de militarismo (por exemplo, suas 800 bases militares pelo mundo), não são apenas um obstáculo para a paz, mas também impedem gastos em infraestrutura que poderiam ajudar os países a lidar com crises como a pandemia de covid-19. Tudo isso é piorado pelo controle que os Estados Unidos e Europa exercem sobre os mecanismos financeiros internacionais e sua defesa de medidas de austeridade severas, que deixam uma parcela do mundo completamente despreparada para enfrentar situações como a atual.

O surgimento de movimentos de extrema direita e sua ascensão ao poder em muitos países servem para distrair as massas dos problemas estruturais do capitalismo, enquanto direcionam suas frustrações contra os setores mais marginalizados da população. Esses governos só agravaram a miséria e as condições de vida precárias da classe trabalhadora e dos mais vulneráveis com suas políticas econômicas de extrema direita.

A união do povo contra a direita

É em resposta às condições de vida drasticamente deterioradas que a classe trabalhadora do mundo inteiro enfrenta que movimentos populares, organizações, partidos políticos, sindicatos, movimentos pacifistas e redes intelectuais convocaram uma Jornada Internacional de Luta Anti-imperialista para o segundo semestre de 2020.

Atividades culturais, seminários, formação política e mobilizações massivas acontecerão durante a jornada, com o objetivo de visibilizar os perigos do imperialismo para os povos, e fazer um chamado conjunto para que, unidos, possam superar esse momento de incerteza. A declaração afirma “sabemos que a nossa força se encontra na nossa mobilização”.

Entre as entidades e plataformas que participarão da Jornada estão a Via Campesina, a Marcha Mundial de Mulheres, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a plataforma Via Democrática (Marrocos), os partidos comunistas do Nepal, da Espanha e de Portugal, o Partido dos Trabalhadores da Tunísia, o Partido Socialista da Zâmbia, o Partido da Esquerda Europeia, o Sindicato Nacional de Metalúrgicos da África do Sul e a Frente Pátria Grande da Argentina, além das articulações internacionais Alba Movimentos e Assembleia Internacional dos Povos.